ARRUDA (Ruta graveolens)
A arruda (Ruta graveolens) é uma planta medicinal, conhecida popularmente no Brasil por espantar o mau olhado.1 Existe a arruda macho, grande, de folhas graúdas e cheirosas e a arruda fêmea, de folhas miudinhas e de odor mais suave. É a mesma planta que, sendo hermafrodita, se apresenta nas duas versões.2
A arruda já era conhecida na Antiguidade, tendo sido muito utilizada na Grécia e em Roma. Na época medieval, a arruda era usada, macerada em vinagre, como tônico para afastar as doenças contagiosas e por isso, ficou muito conhecida no período da Peste Negra.
A arruda possui diversas propriedades e indicações. Ela serve para fortalecer os vasos sanguíneos, sendo ótima no tratamento de varizes. Além disso, é um poderoso inseticida - afasta os insetos e até lagartos e cobras (como a vípera3, por exemplo).
A arruda também é vermifugo, combate piolhos, pulgas, sarna e vermes e ainda ajuda a tratar dores reumáticas, aumenta a menstruação, dor de cabeça, úlceras e auxilia no tratamento de cistos.
Embora seja uma planta medicinal poderosa, devido à sua toxidade, a arruda pode ser perigosa quando utilizada de maneira imprudente, sobretudo, em uso interno, ou seja, quando ingerida.
A arruda é uma droga forte, quer seja utilizada verde ou seca. Nela foram já identificados 110 constituintes químicos, alguns tóxicos, como certos alcalóides. Por isso, o seu uso interno deve obedecer a doses muito fracas e ser acompanhado, de preferência, por um profissional especializado (sobretudo, em ervas).4
A arruda é considerada pela ANVISA5 como uma erva medicinal para uso tópico, externo, dada a sua toxicidade e riscos de abuso na dosagem. Em alguns países da Europa, chega até à ser proibida o comércio da planta e de seu óleo, podendo apenas adquirir seus derivados através de uma farmácia ou comércio fitoterápico registrado e regulamentado.
Atenção: A arruda é considerada uma planta tóxica e por isso, pede-se que o indivíduo que a manuseia esteja com luvas para evitar irritações na pele. A arruda é abortiva6, ou seja, pode causar aborto e por isso deve ser evitado pelas gestantes e também pelas mães que amamentam devido à sua toxidade. A arruda também pode causar a fotossensibilização à luz, dor aguda intestinal, entre outros sintomas. Usar sempre sob orientação médica.
Hildegarda de Bingen indica a arruda sobretudo para:
- problemas de menstruação / cólicas dolorosas;
- estresse;
- ajuda à lutar contra a tristeza e a "bílis negra".
Posologia:
Tomar um comprimido ou uma folha de arruda após cada refeição principal do dia: manhã, tarde e noite, ou seja, 3x ao dia.
Na Europa, é mais fácil encontrar a arruda em comprimidos para se tomar, o que eu imagino não acontecer no Brasil, por isso, nesse caso, você pode utilizar a folha da arruda (como era feito no tempo de Hildegarda).
Atenção: Prefira uma folha pequena e jamais consuma além de 3 folhas por dia, sempre após as refeições, como foi indicado acima.
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Notas:
1. Atribuí-se à arruda a virtude de afastar feitiços e proteger contra as doenças e quebrantos ou mau-olhado. Por isso, em vários países europeus cultivava-se essa planta nos jardins e a utilizavam para esses fins. Por essa razão, no Brasil é ainda hoje muito comum encontrar-se um pé de arruda junto à casa da gente simples (e sábida) do interior;
2. Dizem uns que os quebrantos são benzidos só com a arruda fêmea mas que forte mesmo é só a arruda macho. Não sei dizer...
3. A arruda é muito utilizada na Europa para os fins de afastar insetos e principalmente, víboras;
4. Basicamente, contém ácido salicílico, álcoois, ésteres, matérias resinosas e pépticas, flavonóides (especialmente rutina), óleos essenciais e alcalóides;
5. ANVISA - http://portal.anvisa.gov.br/
6. Diz Debret, integrante da missão artística de 1816, que “a acreditar-se na credulidade generalizada, essa planta tomada como infusão asseguraria a esterilidade e provocaria o aborto, triste reputação que aumenta consideravelmente a procura”. É ainda Debret quem nos conta que no Rio de Janeiro se vendia essa planta pelas ruas, todas as manhãs. Fonte: Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, trad. de Sérgio Milliet, Livraria Martins, São Paulo, 1940. t.2, p.168-169. Ver na obra citada a prancha 11, Vendeur d'herbe de ruda.
Fontes:
- GreenMe: https://www.greenme.com.br/viver/saude-e-bem-estar/2923-arruda-usos-e-tradicoes
- Portal São Francisco. Miguel Boieiro - institutohipocratesonline.com
- Institut Hildegardien, France.